segunda-feira, outubro 27, 2008

NOTICIA - HDL ELEVADO E ARTEROESCLEROSE

As drogas desenvolvidas para elevar o colesterol da HDL, lipoproteína conhecida como benéfica ao organismo humano, e a possibilidade deste mesmo colesterol, em determinadas condições, ter uma associação com a doença cardiovascular arterosclerótica, levaram a nutricionista Carla Evelyn Coimbra Nuñez a investigar as possíveis relações entre a hiperalfalipoproteinemia, que corresponde à HDL elevada, e a arterosclerose, doença crónica degenerativa das paredes das artérias e de carácter inflamatório.
A ideia foi verificar a relação num estágio anterior à instauração da lesão propriamente dita ou quando já está estabelecida, cujos sintomas mais frequentes são o aparecimento de doença coronariana e derrame.
O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Lípides do Núcleo de Medicina e Cirurgia experimental da Faculdade de Ciências
Médicas, orientado pela professora Eliana Cotta de Faria. A base do estudo foi investigar, pioneiramente na população brasileira, os biomarcadores plasmáticos de oxidabilidade e inflamação nos portadores de hiperalfa. Segundo Carla, existia a hipótese de que os biomarcadores denominados Proteína C-reativa ultra-sensível, factor de Necrose Tumoral Alfa (TNF-alfa) e títulos de Auto-anticorpos contra a LDL-oxidada estivessem reduzidos nestes pacientes e que a HDL-colesterol tivesse uma relação inversa com a arterosclerose precoce.

Os resultados, contudo, foram em grande parte neutros. “Não se pode afirmar que a elevação do colesterol da HDL teve efeitos positivos ou negativos nos índices avaliados”. Uma justificativa para a surpresa nos resultados, explica, poderiam ser as características metabólicas específicas da população estudada e as faixas de concentrações da HDL.
Carla indica, porém, que as análises servem de referência para se observar alguns mecanismos que podem levar a mudanças na funcionalidade da HDL. “Entender esses mecanismos é fundamental para o desenvolvimento de novas terapias que tenham a elevação do colesterol bom como objectivo”.
Nesse sentido, relata que outras pesquisas em funcionalidade estão sendo realizadas pelo grupo, envolvido mais recentemente num projecto temático sobre a HDL, uma vez que há fortes evidências na literatura de que o colesterol da HDL elevado poderia ser pró-inflamatório.
A pesquisa, envolveu 223 pacientes atendidos no Hospital das Clínicas da Unicamp. Como grupo controle, com HDL entre 40 e 60 miligramas/dL, foram seleccionados 68 indivíduos. Os 155 restantes foram definidos como portadores de hiperalfalipoproteinemia por apresentarem HDL superior a 68 miligramas/dL.

O que Carla também encontrou nas suas investigações foi uma correlação inversa da actividade lipoproteína lipase com o TNF-alfa, o que aponta para um factor de protecção, benéfico contra o processo inflamatório e provavelmente aterosclerótico, na hiperalfalipoproteinemia muito alta.
Fonte: Saúde em Movimento